quinta-feira, 23 de julho de 2009

Percepção é projecção

Por algum momento já deu por si a pensar que alguém que estava diante de si, se estava a comportar de uma forma “carinhosa” ou “empenhada” ou “feliz” ou “teimosa” ou “raivosa” ou “ciumenta” ou “invejosa”?

Pois bem, para ter qualquer destes pensamentos a nossa mente tem de conseguir – se projectar – nesse comportamento. O mesmo é dizer, teremos que nos ver ou rever nesse comportamento, para assim entendermos que esse comportamento que agora analisamos, corresponde ao que no passado ou no presente nós já vivemos. Assim faremos o Match e classificamos cada comportamento dos “outros”.

Dessa forma, é-nos comum ver um série de “problemas” nos outros… que no fundo nos pertencem a nós!
Da mesma forma, se o nosso focus estiver preenchido com sorrisos mais fácil será ver sorrisos, se estiver preenchido com mentira e traição mais fácil será ver mentira e traição.

Independentemente do que escolhermos ver, previamente já estamos a sentir.

Escolha bem!

1 comentário:

  1. Vivemos num mundo em que aquilo que fazemos é objecto de avaliação por nós próprios e pelos outros.

    A atribuição causal é um campo da psicologia social que se refere à temática da percepção das pessoas, nomeadamente a forma como as pessoas explicam o seu comportamento e o dos outros.

    Os modelos de atribuição causal são complexos e difíceis de explicar. Diria apenas que todos temos necessidade constante de analisar de forma rápida os dados que nos chegam através da nossa percepção.

    É impossível fazer sempre uma análise cuidada de todos os pedaços de informação com que somos bombardeados e que são confusos, complicados e, por vezes, até irrelevantes. Se não conseguíssemos apreender uma situação complicada num instante, o nosso quotidiano poderia tornar-se caótico e potencialmente perigoso!

    Por isso nos servimos da nossa experiência e dos estereótipos – que podem ser perigosos mas são também muito úteis em termos de economia de decisão.

    Com treino, a nossa percepção torna-se mais “refinada”. Podemos desenvolver a capacidade de observação (eu certamente preciso!) e passar a fazer uma observação “fina” que nos permita absorver as coisas e ter uma impressão mais precisa da pessoa. Ou seja, desenvolver um certo “golpe de olho” como um talento especial de chegar ao âmago das mais pequenas parcelas de experiência.

    Um erro muito comum é explicar o comportamento dos outros através de características internas (traços de personalidade, por exemplo) e o nosso comportamento através de factores situacionais.

    Conhecem aquele texto com vários exemplos do tipo:
    "QUANDO ELE NÃO ACABA O SEU TRABALHO, DIGO: É PREGUIÇOSO; QUANDO EU NÃO ACABO O MEU TRABALHO, DIGO: ESTOU MUITO OCUPADO."?

    É claro que esta avaliação é afectada por muitos factores - incluindo a simpatia/antipatia que temos pelos outros, o impacto das primeiras impressões, etc. - que nos fazem integrar os dados comportamentais em falsas crenças.

    Devemos, então, fazer um esforço para aprender a analisar os sentimentos e comportamentos (nossos e dos outros) de modo a não deixar perpetuar essas falsas crenças. É, de facto, uma questão de escolha.

    Cada um de nós é a soma total das suas escolhas e a escolha é a nossa liberdade suprema. Daí que reforce o: “Escolha bem!”

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